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| Ligeirão de Curitiba |
Belezas e confortos a parte, já que os veículos novos da Volvo e Neobus possuem mais conforto, esses ônibus são a muito uma base importante da imagem da cidade, com bom planejamento e urbanização. Imagem de cidade limpa e cidade modelo e sustentável.
A empresa que articula o transporte coletivo na cidade é a URBS e é com ela que as empresas compõem a frota. É, então, nestas empresas que trabalham motoristas e cobradores (nos ônibus articulados/biarticulados/ligeirinhos não há presença de cobrador). Estes cobradores e principalmente motoristas, que antigamente eram "formados" pelas empresas passando de alguns anos de trabalho como cobrador, conhecendo a rotina e o trabalho no dia a dia dos motoristas, é que passavam então por treinamento e qualificação para a função de motorisas. Estes que tem em mãos muitas vidas por zelar.
Hoje, no aniversário da cidade, uma destas figuras - o motorista - e eu tivemos um monólogo, no qual eu fui o agente ouvinte e o motorista, um homem jovem de mais ou menos 30 anos onde ele desabafou longamente, cerca de 10 km logo após um casal de jovens abraçados atravessava lenta e despretenciosamente uma esquina sem olhar para trás averiguando o perigo por vir.
O motorista atento desacelerou, freou levemente e passou por sorte longe do casal que, mesmo após o motorista buzinar ao passar ao lado, não olhou para lugar algum. O homem então começou o monólogo com duração de 23 minutos, onde dentre muitas informações do funcionamento do sistema de transporte coletivo da cidade, filosofou desprazerosamente sobre a magnífica importância de ser motorista, para o público externo aos problemas e a medíocre função de ser motorista, tendo um ponto de vista de quem exerce a função.
O motorista retratou então que o "sistema" depende dos motoristas para manter a imagem da cidade modelo, cidade limpa, cidade sustentável. Em seu momento "Descartes" ele cita que a cidade sustenta sua imagem em cima desse sistema de transporte coletivo, criticado por alguns e bem avaliado por outros. Não foram exatamente estas as palavras deferidas pelo homem pouco contente em sua função heróica com 6 horas de trabalho quase sem ida ao banheiro ou para um lanche (garantido por lei 15min), muito menos que o "carro" que trabalha das 5 h da manhã à 1 h da madrugada, mas deu a entender então o homem:
"Os motoristas carregam consigo toda a imagem de sustentabilidade, de praticidade, de limpeza e funcionalidade nesse sistema de transporte. É nos ligeirinhos que se espera locomoção rápida, nos ligeirões mais ainda. Nos articulados/biarticulados o custo/benefício. Nos alimentadores a integração. Na linha turismo a beleza e história da cidade/estado".
O desabafo do jovem motorista nos faz pensar o quanto reclamamos ao pararmos em um terminal por 2 ou 3 minutos (onde os motoristas se ausentam para satisfazer suas necessidades humanas fisiológicas ou trocam de motorista pela sua tabela mal definida). Faz-nos refletir a respeito do quanto reclamamos em diversas situações sem sequer colocar-nos no lugar de quem está sofrendo a pressão no nomento.
No aniversário da cidade que é considerada pela Forbes como 3ª cidade mais "esperta" do mundo e uma das mais sustentáveis do mundo coloquemo-nos à disposição de pelo menos pensar como seriam nossas vidas sem algumas das seguintes funções:
Motorista
Cozinheiro(a)
Lixeiro(a)
Auxiliar
Secretária(o)
Prostituta(o)
Vereador(a)
Deputado(a)
Prefeito(a)
Senador(a)
Governador(a)
Presidente(a)
Fica uma montagem de uma música de Gabriel, O Pensador excelente e que retrata um pouco este contexto.
Hesron Hoffmann Hori é padeiro e tem pelo menos o "pão de cada dia" citado no vídeo acima.


