2011-02-25

HÁ VAGAS!* - *Exceto para Mestres e Doutores!!!

Estudantes em Laboratório
Devido a falta de boas oportunidades, de salário e carreira, muitos países como o Brasil sofreram um fenômeno denominado "brain drain" ou fuga de cérebros. Fenômeno qual acadêmicos titulados com mestrado, doutorado, pós-doutorado ou mesmo especialistas, saiam de seu país em busca de melhores oportunidades.
O Brasil oferecia até então, 2007, pouquíssimas vagas para mestres e/ou doutores a não ser no próprio âmbito acadêmico. Segundo Luiz de França da revista Você S/A o cenário hoje é completamente diferente, embora alguns dados sejam ainda contraditórios.
Um dos motivos apontados por recrutadores é de que, resumidamente, focam mais a prática e resultados do que a teoria. Ou seja, preferem escolher quem seja menos titulado e tenha mais experiência do que contratar alguém bem titulado com pouca ou nenhuma experiência/vivência no mercado. Dizem também que as universidades hoje ainda os prepara de forma inadequada para o mercado e além do mais contratar profissionais bem titulados geralmente custa mais caro, pesando na decisão.


A edição 152, de fevereiro de 2011, da revista Você S/A traz uma tabela mostrando que em 2009 o número de mestres e/ou doutores chegava na casa dos 50 mil frente os 16 mil de 1998. é uma grande massa bem qualificada e que ainda assim são rejeitados em nosso mercado.
Uma coisa é certa: países ou empresas que registram mais patentes, ou seja desenvolvem pesquisa, absorvem maior parte da mão de obra titulada além da graduação. Um belo exemplo é a Genzyme do Brasil, do ramo farmacêutico, que tem 60% de seus colaboradores com titulação de mestre, doutor ou ambos.
O artigo ainda cita países como Alemanha, Canadá, Japão, Inglaterra e Estados Unidos, com 97% das patentes registradas por empresas e só 3% das patentes produzidas pelas universidades. No Brasil a estatística é inversa. A academia corresponde por 61% das patentes criadas.


Não passa de uma questão econômica e cultural. O Brasil sempre teve muitos recursos e sempre os explorou. Ao invés de desenvolver uma tecnologia para o melhor manejo e consequentemente o melhor aproveitamento da cultura do café por exemplo, o país até pouquíssimo tempo (e isso mudou por causa de tecnologia estrangeira), apenas plantaria mais.
A lei do "mais forte sobrevive" dizimaria o país caso houvesse (como já vem acontecendo) catastróficos desastres naturais, impedindo o uso da terra, seja ela para a criação de animais, cultivo de plantas ou extração de minério, estaria falido. Seria talvez tarde demais para desenvolver novas habilidades para adequar-se ao novo cenário cultural e climático. É por esse motivo que nas eleições à presidência da república em 2010 ouviu-se tanto falar em "sustentabilidade".
Somos tecnologicamente atrasados. O governo dá poucos incentivos para a pesquisa e desenvolvimento da nossa capacidade intelectual.
É mais fácil e mais bonito, a curto prazo, mostrar a balança comercial positiva em função dos investimentos na agricultura e prestigiar a sucessão de um governo que não quis e não quer passar a impressão de que apenas ajudou aos pobres mas a toda a nação, inclusive sua economia, do que aceitar e encarar uma "derrota financeira" a curto prazo e alavancar o desenvolvimento real do país - como fez com Collor ao começar a abrir o mercado interno para o mundo, ou FHC ao começar um longo processo de estabilidade da moeda e consequentemente da economia - de sua capacidade intelectual e não somente de seus recursos.
Veja o Japão e a Alemanha. São países pequenos e com poucos recursos naturais favoráveis ao desenvolvimento econômico e são a terceira e a quarta maior economia, respectivamente, graças ao fomento à pesquisa e desenvolvimento. Isso quer dizer planejamento e pesados investimentos em educação.


Hesron Hoffmann Hori tem Mestrado em Stanford, Doutorado em Columbia e Ph.D pelo Instituto Universal Brasileiro e está atualmente desempregado.

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